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domingo, 22 de maio de 2011

A Maledicência e o desamor

Aqui é assim: é bom?  Tem espaço!               Ferreira K.P.

*Antônio Roberto , Jornal “Estado de Minas”, 27/10/2002. 
            "Toda vez que se faz algum comentário desabonador sobre o comportamento alheio ou, em casos mais graves, quando se inventa algo sobre o outro, está havendo luta e hostilidade à pessoa objeto da maledicência. Esta atitude de desamor que atinge o outro ou a “comunidade” abre feridas e conseqüências negativas difíceis de serem curadas ou controladas.
            Vivemos numa sociedade extremamente competitiva e existem duas formas cruéis de destruirmos uns aos outros. Ou matamos a pessoa (destruição do corpo) ou matamos a sua imagem. Numa sociedade onde a imagem tem um valor muito alto, falar mal de alguém é uma tentativa de aniquilação do outro perante a sociedade.
            Este comportamento é fruto da competição e da inveja. O prazer de falar mal de alguém existe porque equilibra o mal-estar do invejoso diante da alegria, do sucesso ou da competência do outro. O maledicente (o falador) sofre de profunda inferioridade e sofre com o brilho das outras pessoas. Por não ter luz própria, só consegue brilhar roubando a luz do outro.
            Se tivermos necessidade de espalhar o lado negativo de alguém, ainda que seja verdade, estamos sendo inimigos dessa pessoa e queremos sua destruição para nos sentir superiores a ele. Muitas pessoas não percebem o estrago que fazem na vida de outros quando são maledicentes; outras sabem disso e o fazem exatamente por isso. O que temos que fazer é aprender a conviver com este fenômeno. Se crescermos e obtivermos sucesso, inevitavelmente seremos objeto da inveja alheia e da maledicência. Muita gente sofre profundamente quando é alvo de fofoca, se sente injustiçada, e isso (a fofoca) tem a ver com a vaidade humana.
            Temos de aprender a não falar mal das outras pessoas e, de preferência, desenvolver a competência de falar bem. Nem sofrer tanto, por causa da consciência da competição e inveja de quem fala mal de nós, pois não vale a pena dar tanta importância à fala dessas pessoas destrutivas. Muitas vezes, o melhor é cortar o relacionamento com elas.
            Uma das maiores virtudes do ser humano é a capacidade de admirar, de olhar o lado claro e bom que existe nas pessoas. A começar por nós mesmos. Uma pessoa que se admira, que se vê preferencialmente nos aspectos positivos, que se ama, que perdoa pela própria imperfeição, também perdoa a imperfeição do outro e não sente prazer em fazer mal e destruir um ser humano.
            O amor só existe em pessoas que têm competência para admirar. A hostilidade e o desamor começam com a maledicência. Todo cuidado é pouco com o ser humano. Cultivar o respeito à natureza humana é o primeiro passo para relacionamentos sadios.
            Os maledicentes (os faladores) são pessoas complicadas para relacionamento e trazem muitos problemas para os grupos a que pertencem, seja na família, no trabalho, no lazer ou na sociedade. A palavra é um grande dom e estrutura as relações. A língua estabelece o diálogo, o afeto, o elogio e o amor. Quando nossa língua está conectada ao coração, em sintonia com o sentimento, ela fala aquilo que está dentro do coração. Se nele existir bondade, afeto, ternura e amor, a língua é instrumento de construtividade, beleza, admiração. É bom falar bem das pessoas, realçar seus valores perante os outros, admirar seus dons e seus talentos. Isso cria um clima de paz e harmonia.
            Quando, porém, meu coração está cheio de inveja, ressentimento e ciúme, a língua se torna um instrumento de destruição. Ela é ferina, faz estragos na vida de outros e na própria. Pessoas que falam mal das outras entraram no mundo da perversidade e atraem para si aquilo que elas desejam para os outros: “A toda ação, corresponde uma reação igual e contrária.”
            A boca fala o que existe no coração. Conhecemos pessoas pelas falas, porque aí conhecemos o seu coração. Pessoas amorosas têm palavras amorosas. Pessoas invejosas têm palavras venenosas.
            Uma forma saudável de conviver com a calúnia e a difamação é aumentar a nossa auto-estima, através da observação de nossos pontos fortes, nosso potencial e do perdão às nossas fragilidades. Se nos amamos de verdade, não nos definiremos pela fala dos que não são nossos amigos. Um bom exercício é repetirmos, de vez em quando o seguinte: EU SOU O QUE SOU E NÃO O QUE OS OUTROS QUEREM QUE EU SEJA.
            A melhor resposta aos que falam mal de nós é continuarmos, com humildade, a caminhada para novas conquistas e novos horizontes, para a alegria e a felicidade".

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