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segunda-feira, 23 de maio de 2011

O Kit Gay!

por Ferreira K.P.

Por pouco tempo assisti a uma reportagem de TV, onde um dirigente do alto escalão do MEC concedia um prêmio numa solenidade, a um grupo de profissionais de mídia que escreveu uma cartilha com conteúdos relacionados a homofobia. Na fala do dirigente ele se referiu que o grupo de estudos que elaborava o Kit, demorou quase três meses para decidir sobre o que seria um beijo homossexual de lingua, e brincou dizendo que ficou ainda a dúvida até sobre o tamanho e a profundidade onde a lingua deveria alcançar.
Este tempo de reportagem foi o suficiente para que eu me sentisse mal. No outro dia, no TWITTER, comentei que achei um absurdo alguém ligado a área de educação, tratar desta forma a questão da homofobia.
As respostas vieram rápido e forte. Acessei alguns Blog´s, e li mais detalhadamente sobre o assunto. Interpretei diversas opiniões e finalmente conculi, que eu havia sido mal (e muito) informado sobre o tema.
É claro que em 140 cacateres não se pode opinar, com tamanha síntese, sobre quase nada. Não sou tão inteligente e criativo assim. Preciso de  mais espaço, e por isso aqui o faço agora.
Minha posição sobre o Kit Gay editada pelo MEC é que este tipo de assunto não dev ser jogado sobre os ombros, unicamente do professor, então não me parece justo, que o tema seja uma obrigação somente da escola. Primeiro, porque a escola que temos no Brasil, em geral, é uma escola de péssima qualidade. Conforme os dados da UNESCO-2011, os programas educacionais brasileiros ocupam a vergonhosa 87ª posição, em termos de Qualidade de Programas Educacionais. E não é na America Latina. É no mundo todo. Portanto, este assunto de homofobia não pode, ao meu ver, ser uma atribuição, como eu já disse, somente da escola. 
Nossa escola hoje (e faz tempo) se transformou em restaurantes, porque sem merenda, o aluno não comparece. Os conteúdos tem poucos atrativos, os profissionais são mal pagos, e por aí vai. Mas também escrevi em outro artigo neste mesmo espaço, que este estado de penúria não acontece só na educação. Acontece na área da saúde, da segurança e na educação, pois são áreas que não dão retorno financeiro ao Estado, pelo contrário, dão prejuízo.
Assim sendo, retorno ao caso das diferenças, tendo o cuidado para não ferir sentimentos, pois o tema é subjetivo demais, e posso parecer preconceituoso. Mas respeitar diferenças é de suma importância, mas vamos ter que saber quais são estas diferenças e quais são as semelhanças. Por quê? Porque se vamos respeitar as diferenças de todos os indivíduos, então tem-se que aceitar o alcólatra, o viciado em crack, a prostituição, o corrupto, o rebelde sem causa, a marcha pela liberação da maconha, entre tantas diferenças que existem. É claro que cada uma das diferenças envolvem questões éticas, psíquicas, biológicas, de credo, de moral, da sexualidade, de caráter, da personalidade, do vínculo familiar, da questão do afeto, do nível sócio-econômico familiar, e por consequência de ética, da dignidade, entre tantos outros valores.
Aceitar as diferenças é antes de tudo, saber lidar com elas, e mais uma vez repito, que o meu comentário no TWITTER se resumiu, ao absurdo de tratar esta questão da homofobia, através de cartilhas, gastando milhões do dinheiro público, porque aquela família que não tem a estrutura social segura, moradora na região mais pobre economicamente e socialmente marginalizada, sem acesso a cultura e a educação, tende a ver estas diferenças com preconceito, e aí larga o problema para cima da escola.
Aliás, a educação já deveria tratar deste e de outros casos há mais tempo. Mas onde estão os especialistas em educação, efetivamente trabalhando com alunos? onde estão os mestres da pedagogia escondidos em gabinetes de direção de secretarias ou em direção de escolas, que não podem tratar deste e de outros assuntos de total relevância diretamente aos pais e alunos?
O resultado da educação que temos está mostrando o afastamento da maioria das famílias da escola. Se os pais não aparecem na escola, os filhos com cereteza irão seguir seus exemplos.
Foi o que eu quis dizer...

4 comentários:

  1. Foi como te disse lá no Scriptus: assunto tratado exaustivamente em todos os meios (em família, por mais que os modos estejam tão liberais, sexo ainda é tabu), com casais gays apresentados como o Ovo de Colombo. Mídia, novelas e etc já haviam aderido a esse tipo de postura há tempos.
    Faltavam 3 bastiões da "moral" hipócrita: escola (que peca por não ter uma educação sexual como existem em outros países), Exército (que me obrigou a cumprir "pena" de mais de um ano, enquanto outros sexos podem sair livres e serenos) e religião.
    Por não ser religioso, o que as igrejas dizem ou pensam, pouco me importa. O Exército agora paga pensão para companheiros. E a escola entra na batalha contra o preconceito.
    Jogar nas costas do professor? Não. Fornecer material ao professor, para questões nada mais, nada menos, que cotidianas.
    Já viu um professor desprezando um aluno, por raça, cor, credo ou opção sexual? Eu já, e basta perguntar que se acahrão mais casos.
    Os vídeos que foram postados lá no blog não tem absolutamente nada de perversão ou "trabalho extra". Trata-se tão somente de uma realidade.

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  2. Ferreira, sinto que a sociedade pseudo democratica ainda deixa nas mãos do Estado, questões sérias, precisamos sim deste tipo de material não para educar apenas nossos alunos mais também nossos professores, já vi e minha filha também professores fazerem comentários homofóbicos em sala de aula. Eu acredito na educação primeiro de nossos jovens e adultos, pois são eles que formam nossas crianças... não apenas a escola em sí,e sim todos os adultos. Eduquei minha filha sem preconceitos, corrigi senpre os comentários maldosos, resultados que espero? apenas um mundo onde todos possam ser felizes, pois somos feitos do mesmo material: corpo e alma. E devemos dar a todos os mesmos direitos que achamos que temos. Acho que além do MEC também a saúde pública deveria investir nesse material de esclarecimento ao cidadão sobre o que é uma orientação sexual. O lado bom disso tudo é que hoje podemos discutir o assunto de forma aberta.
    Tenha um ótimo dia
    Muita luz e paz
    Abraços

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  3. Como combater o preconceito quando o proprio aluno é vítima ou "escravo" deste mesmo preconceito, na medida em que a sua auto-estima é baixíssima? Como provar para um aluno que ele é importante para o governo de seu pais, se as escolas não passam de depósitos de sucata e os alunos precisam carregar as suas mesas e cadeiras para dentro da sala de aula senão assistirão às aulas em pé ou sentados no chão?
    Será que gastar R1.800.000,00 em um kit com informações pesadas demais para o público alvo é mais importante do que reformar meia duzia de escolas?
    Até onde vai o deboche das autoridades em educação (sic) e o desrespeito com os alunos?
    Será que vai parar naquele livro absurdo, cheio de erros de português, que o MEC comprou centenas de milhares de exemplares, ou podemos esperar mais um achincalhe com nossas crianças e jovens?
    Restaurar a auto-estima dos alunos, oferecer perspectivas de futuro e tratá-los com dignidade deve ser prioridade e não tentar induzir uma escolha que os alunos não estão preparados para fazer. Muitos não estão preparados nem para escolher as suas profissões, imagine induzi-los a mais uma escolha que a propria vida certamente lhes oferecerá.
    Abraços.

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  4. Professor, o senhor passou em meu blog, Aconchego e Descanso e pediu para usar meus textos. Pode usar, sim. Muitos textos são de terceiros, mas estão identificados. Gostaria de sugerir que colocasse o botão do DiHITT para que pudéssemos achar o teu perfil lá. Existe um botão que leva direto ao perfil. Se quiser ebviar um e-mail, meu e-mail está no blog. abraços.

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