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sexta-feira, 23 de março de 2012

Mas que pouca vergonha, tchê!

Diante dos últimos fatos mostrados pela TV sobre a corrupção no Brasil, assistimos estupefatos os descaramentos dos corruptores falando em ética de mercado.
_ Me dá 10 %? E não pode subir um pouquinho mais?
_ Pode subir quanto você quiser. Coloca aí o quanto você quer ganhar!
Estes diálogos exibidos no domingo à noite e repetidos com mais alguns não menos curiosos nos deixa assim: de boca aberta. Ora, “boca aberta” é a maioria do povo que sabe que isso existe, sabe quem pratica estes atos e mesmo assim fica só com aquele ar de surpresa. Quem? O fulano? Mas eu nunca desconfiei dele!
O que a TV mostrou é esquema de corrupção de empresas sobre empresas públicas, mas não mostrou o que acontece nos demais gabinetes do poder público, não. A TV mostrou uma milésima parte do problema, apenas denunciou e com provas cabais, que muitas vezes a justiça não aceita.
A vergonha (ou a falta dela) é maior do que imaginamos por parte do gestor público.
_ Quem eu? Nossa empresa? Não, nunca realizamos este tipo de coisa. Nossa empresa está sendo vítima da concorrência que “plantou” estas calúnias e fazemos questão de que todas as denúncias sejam apuradas (informa o jurídico da empresa). Que falta de vergonha, que deboche acintoso, que falcatrua mal armada e ridícula. Será que eles pensam que existe alguém sem cérebro por aqui?
Se a imprensa faz este papel de investigar, fica a pergunta: Por que a polícia não investiga? Onde anda o Ministério Público, que muitas vezes arrebenta com quadrilhas organizadas e os juízes mau caráter soltam imediatamente?
Ah! Mas a Lei é para todos...
Para todos uma pinóia! Quem pode garantir que juízes sem escrúpulos estão isentos na venda de sentenças e concessão de habeas Corpus?
Ah! Mas o culpado é o governo que não fiscaliza! O culpado é o Judiciário que demora muito em julgar! A culpada é às vezes a imprensa que divulga fatos fictícios! E por aí vai...
No Brasil sempre se procurou culpados ou desculpas para os fatos que são divulgados.
“Cara de Pau” é pouco para diretores e gerentes de empresas que prestam serviços ao governo. Aliás, até parece que isso é novidade. A safadeza é tanto que não dá tempo de arrumar a casa.
De que adianta rever e suspender contratos, fiscalizar com rigidez, multar e punir, se a sem-vergonhice está espalhada em pequenas e médias empresas. O “esquema” que causa a corrupção é montado de maneira que, se descoberto pelas autoridades, entra imediatamente o Plano B – ou seja, cessam alguns contratos com algumas empresas, mas a necessidade da realização dos serviços é tanta, que outras empresas entram para realizá-lo. Mas na maioria das vezes são empresa que também fazem parte do esquema, e daí a “bola de neve” não pára de crescer.
Acabar com este tipo de crime é uma questão “cultural”. É preciso que as próximas gerações cresçam com a idéia de que o serviço público pertence ao povo, e não é algo distante do cidadão. Pelo contrário, nossa gente é que deveria ser o agente fiscalizador, mas até lá...
O verbo mais conjugado no Brasil é ROUBAR, enquanto deveria ser DIVIDIR. Dividir responsabilidades, trabalhos, fiscalizações, valores morais através de exemplos, etc. Enquanto isso ficou as imagens do descaramento, do escárnio e da desonra, do deboche da certeza da impunidade que explode diante de nossas vistas.  

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